16/04/2024 11:46:38

Alagoas
21/08/2011 11:46:13

Banalização da morte em Alagoas, uma triste constatação em três atos


Banalização da morte em Alagoas, uma triste constatação em três atos
Ilustração

Com cadaminuto //

 

No meio do intenso noticiário policial que toma conta de Alagoas, três cenas acontecidas nos últimos dias chamaram a atenção pelo mesmo motivo, o imenso desprezo pela vida humana e a facilidade de como se mata no Estado.

 

Na primeira situação um jovem de 22 anos, Williams Vicente dos Santos Ferreira, vulgo ‘Língua’, que já conta com uma extensa folha de crimes corridos explicou seu envolvimento no assassinato seguido de esquartejamento da domestica Maria de Lourdes Farias de Melo, 27 anos, no Conjunto Carminha, Benedito Bentes no final do mês passado.

 

“Olha eu apenas dei os tiros nela, quem esquartejou e cortou o corpo dela foi outro” explicou com espantosa naturalidade.

 

No segundo caso um outro jovem , chamado de Rafael da mancha, invadiu uma escola e acabou atirando em um porteiro, que se encontra em estado grave e uma estudante. Ele acabou se entregando e a sua justificativa chama mais uma vez atenção.

 

“Eu não atirei para atingir ninguém, eu só queria “pegar” o Fábio Neguinho , só isto” disse Fábio de apenas 19 anos que já havia saído da Unidade de Internação de jovens e adultos (Uija).

 

Na terceira cena o estarrecimento é ainda maior, pois o crime foi cometido por um policial, que ao sair de um show em um clube na Praia da Avenida, matou um flanelinha e atingiu uma outra pessoa simplesmente porque foi cobrado ao chegar ao estacionamento.

 

“Ele pegou a arma de dentro do carro e deu dois tiros no flanelinha, depois saiu, parou um pouco mais na frente e resolveu sair do veículo para dar mais dois tiros, tudo isto de forma muito tranquila” explicou uma testemunha.

 

Estas três situações se juntam a tantas outras que infelizmente já fazem parte do cotidiano do Estado, mortes por quantias irrisórias de dinheiro, por discussão em trânsito ou no bar, crimes acontecidos por motivos banais se juntam aos assassinatos ocorridos pelas drogas e pela violência, fazendo com que Alagoas lidere com folga o número de assassinatos no Brasil.

 

Banalização da Morte

 

Em recente entrevista ao Cadaminuto a professora da UFAL, Ruth Vasconcelos, coordenador do importante projeto pacto pela vida já havia alertado sobre a questão.

 

“A banalização da morte expressa uma intensa desvalorização da vida nos dias atuais. Essa realidade revela, em última instância, o processo de não reconhecimento do outro como sujeito de direitos”, diz Ruth Vasconcelos.

 

Ela reforça essa análise, destacando que a violência é um problema social e, portanto, não pode ser enfrentado individualmente. “Não podemos mais pensar que a violência é um caso de polícia.

 

Não é. A violência é um caso de educação, de mais investimentos em programas sociais, em políticas públicas de inclusão social. Infelizmente alguns só se manifestam contra a violência quando vivenciam situações em que são mais diretamente atingidos”, destaca a socióloga.

Parece claro que os últimos acontecimentos dão razão ao pensamento da professora.



Enquete
Na Eleição de outubro, você votaria nos candidatos da situação ou da oposição?
Total de votos: 21
Notícias Agora
Google News