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05/11/2007 00:00:00

Interior


Interior

Um dia depois da missa de sétimo dia do filho caçula, segunda-feira passada, Ana Quitéria Silva Cerqueira de Freitas tentava levar adiante a vida que lhe resta. Distante 135 quilômetros de Maceió, no Centro de Palmeira dos Índios, uma cidade com cerca de 70 mil habitantes, atendia no pet shop da família, no fim da manhã, os clientes que procuravam cura para seus animais de estimação. Vestia preto. Carregava nos olhos as noites de sono perdido nas profundas olheiras. Disse estar destruída por dentro, quase morta.

Abalada, família prefere calar

Quitéria Silva, a mãe de Vinícius, o adolescente que se suicidou há duas semanas, disse, segunda passada, que estava muito abalada para dar entrevista. “A missa de sétimo dia foi ontem”. Falou apenas que o filho não tinha paciência para computadores, afastando a idéia de ele ter sido influenciado por jogos na internet. “Ele era do tipo de criança que ainda assistia desenho animado. Adorava o Bob Esponja”, contou, abrindo um sorriso que fez seus olhos brilharem, ao lembrar das manias de Vinícius, leitor de livros espíritas.

Amigos descartam seita

Assim que a reportagem chegou em sua casa, no bairro Palmeira de Fora, na última segunda-feira, Pancho Belo Cavalcante Romariz, 18 anos, largou o almoço na mesa para colaborar com seu relato. Tinha acabado de chegar da Universidade Federal de Alagoas, onde cursa Psicologia. Ele é irmão de João Henrique, que se suicidou há quase dois meses; primo de Thiago, que se matou em abril do ano passado, e um dos melhores amigos de Vinícius, o último a se enforcar com um cinto e a deixar toda a cidade perplexa com a seqüência misteriosa de mortes parecidas.

População procura explicação

Palmeira dos Índios tem um comércio movimentado. No alto da cidade, é possível avistar uma réplica do Cristo Redentor, que estende os braços aos moradores, como se oferecesse proteção. A tranqüilidade da cidade populosa – ela é a terceira maior do Estado, depois de Maceió e Arapiraca – foi quebrada com o terceiro suicídio de jovens, que se mataram da mesma maneira, usando um cinto para se enforcar, sempre em finas de semana e depois de farras com os amigos.
A misteriosa sucessão de mortes no município alimentou debates entre educadores, religiosos, promotores de Justiça, psiquiatras, policiais e políticos.

com jornal gazeta de alagoas



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