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Saúde
04/07/2011 00:09:14

Apenas 12% de mulheres consegue fazer mamografia


Apenas 12% de mulheres consegue fazer mamografia
Ilustração

Com alagoas24horas // Fonte o globo

 

A estratégia do Ministério da Saúde para prevenir o câncer de mama, tipo de neoplasia que mais mata entre as mulheres, fracassa no Brasil, apesar da estrutura abundante para diagnosticar a doença. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem hoje quase o dobro do número de mamógrafos necessário para detecção precoce de tumores. Mas só consegue atender 12% das mulheres entre 40 e 70 anos, faixa de idade na qual a mamografia é recomendada.

A situação é resultado da concentração dos aparelhos em algumas áreas do país, em detrimento de outras, além da baixa produtividade e da inoperância de boa parte do aparato disponível.

Para cumprir o critério de um mamógrafo para cada grupo de 240 mil habitantes (homens e mulheres), definido em portaria do próprio ministério com base em parâmetro do Instituto Nacional do Câncer (Inca), seriam necessários 795 equipamentos na saúde pública. Uma auditoria do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) identificou 1.514 na rede. Apesar da constatação, o SUS examinou, no ano passado, 3,4 milhões de mulheres. No país, são 28,5 milhões com idades entre 40 e 70 anos. Para elas, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) indica a realização do teste anualmente. O governo usa outro parâmetro - testes a cada dois anos, entre 50 e 69 anos - mas, mesmo assim, está longe de atingir a população dessa faixa (15,7 milhões).

Desigualdades regionais

Posta no mapa, a distribuição dos mamógrafos reproduz as desigualdades regionais. Sozinho, o Sudeste, região mais rica e populosa, tem hoje mais aparelhos (669) que Norte, Nordeste e Centro-Oeste juntos (558). Uma disparidade que também se verifica em termos proporcionais. Estados como Minas, Rio Grande do Sul e Santa Catarina chegam a ter o dobro ou o triplo de aparelhos por cem mil habitantes que Rondônia, Maranhão, Ceará, Paraíba, Pará, Acre, Amapá e Roraima. Nos três últimos, apesar do extenso território, todos os mamógrafos ficam na capital. Maior estado do país, com imensas dificuldades de deslocamento, o Amazonas tem 83% da estrutura de diagnóstico concentrados em Manaus.

- Não precisamos de mais aparelhos, precisamos pulverizá-los e usá-los - resume o presidente da SBM, Carlos Alberto Ruiz, citando um outro mal nacional: a improdutividade dos equipamentos.

Dos 1.514 mamógrafos do SUS, 15% estão parados, em alguns casos com defeito ou guardados na caixa. Os demais não produzem a quantidade de exames que poderiam. Conforme a auditoria, quase um quinto fica ociosa no período da tarde. A atividade é prejudicada pela falta de manutenção, profissionais para operar as máquinas e insumos básicos, além de problemas na infraestrutura do local do exame. Nada menos que 150 aparelhos funcionavam sem a presença de um radiologista e 89 não tinham técnico em radiologia. O número dos que não passavam pela manutenção adequada chegava a 343.

As deficiências na estrutura para diagnosticar o câncer de mama se somam à desinformação. E contribuem para a piora da situação no país. Tanto a incidência da doença quanto a mortalidade vêm crescendo no país, que registra 49 mil novos casos por ano. Segundo o Inca, entre 1998 e 2008, as mortes passaram de 8.050 para 11.945.

- Nos países desenvolvidos, há bons sistemas de rastreamento para diagnóstico precoce. Aqui, entre 20% e 50% dos tumores detectados no SUS, conforme o estado, são avançados - lamenta Ruiz.

O Ministério da Saúde reconhece que faltou planejamento na estruturação do serviço, mas assegura que, a partir de agora, buscará cobrir os "vazios de assistência". O secretário nacional de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães, diz que, com a publicação, na última quarta-feira, de de$da presidente Dilma Rousseff que estabelece novos mecanismos de controle e de gestão para o SUS, será possível mapear os serviços disponíveis no país, identificando carências área por área.

- Há um problema histórico de alocação dos equipamentos. Por isso, o nosso esforço agora é termos um padrão claro para todas as regiões de saúde do país. Só vamos alocar os serviços novos (de mamografia) onde houver necessidade - promete.

Helvécio diz que, além de credenciar centros de diagnóstico em locais com baixa assistência, o governo também vai montar estruturas em hospitais universitários, públicos e filantrópicos, além de cons$unidades de atendimento. Outra iniciativa é criar postos itinerantes (barcos ou ônibus), que cheguem em áreas remotas do país.

O secretário alega que os problemas que prejudicam o funcionamento dos mamógrafos, entre eles a falta de manutenção e insumos, não são generalizados. E que, como a pasta contrata o serviço aos prestadores, é deles a responsabilidade sobre a operação dos equipamentos.



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