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Sumaia Villela – Repórter
Faltando dois dias para que uma das parlamentares feitas ao Orçamento Geral da União de 2010 que disponibiliza parte dos recursos – R$ 1 milhão – para a pavimentação da estrada que dá acesso à Serra da Barriga, marco da história brasileira e exemplo de resistência dos escravos africanos, finde seu prazo de utilização, a via continua um grande obstáculo para aqueles que querem ver o foco da rebeldia em União dos Palmares. No inverno, a situação se agrava, porque a erosão provocada pela chuva deixa crateras e impede que as pessoas, mesmo a pé, tenham uma travessia segura.
As informações são de Severino Cláudio Figueiredo Leite, o Mestre Cláudio, representante estadual da Fundação Cultural Palmares – órgão ligado ao Ministério da Cultura (Minc) e com representações somente em Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro. Segundo ele, a empresa licitada nunca havia ido até o local, e, somente na última sexta-feira, uma equipe, que ele afirmou ser da Control Construções Ltda., apareceu para medir a estrada de barro. Eles teriam comunicado a um funcionário da Fundação que só seria possível construir 1,5 quilômetros dos cerca de 4 quilômetros necessários. “Eu não estava pessoalmente, mas foi o que me passaram”.
Na celebração do Dia da Consciência Negra, dia 20 de novembro, Mestre Cláudio disse que, normalmente, não ocorrem problemas porque o governo utiliza máquinas para corrigir as imperfeições, para receber o grande número de veículos e pedestres que sobem a Serra da Barriga. O problema é no dia-a-dia, quando o espaço é aberto para visitantes, mas não há condições de recebe-los sem as boas condições da estrada.
De acordo com o presidente do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), Marcos Vital, a equipe que visitou o local na última sexta-feira, na verdade, era do órgão que preside, e foi ate lá para dar conta de uma das 21 condicionantes apresentadas pela Caixa Econômica Federal, como condição para a continuidade do convênio entre o Estado e a União que vai possibilitar a construção da estrada.
Segundo Vital, foi feita uma “operação” de guerra para atender todos os pontos exigidos até o dia 30, e, hoje, eles entregam o documento completo para a Caixa. Só então eles devem saber como ficará a continuidade do projeto, e confirmou que apenas 1,5 quilômetros da estrada podem ser feitos até agora, porque o valor das duas emendas parlamentares previstas para a obra – a de R$ 1 milhão, apresentada pelo ex-deputado federal Francisco Tenório, e outra do senador Renan Calheiros (PMDB), de cerca de R$ 400 mil – não cobrem todo o valor orçado para a obra, de aproximadamente R$5,3 milhões.
O presidente do DER chegou a comparar o caso com a construção da ponte de Barra de Santo Antônio. “Não demorou dez anos para ela ficar pronta? Ela foi financiada por emendas parlamentares de vários políticos, não tem nada de anormal nisso. A obra vai avançar á medida que os parlamentares entenderem a importância dela, e o próprio Governo do Estado conseguir alocar recursos”, alegou.
Marcos Vital falou ainda que as enchentes de 2010 – e todo o trabalho decorrente dela – acabou atrapalhando o atendimento das primeiras 18 condicionantes apresentadas pela CEF em maço de 2010, cobradas novamente em julho, quando o DER estava responsável por inúmeras obras de recuperação de pontes e acessos dos municípios atingidos pela catástrofe. Em março deste ano, o governo atendeu aos pedidos, mas recebeu os outros 21 um mês depois, impedindo que o dinheiro chegasse às mãos do Estado. “Até agora, a conta está zerada; temos o extrato, por isso posso afirmar com certeza”, garantiu Marcos Vital.
Foi tentado contato telefônico com a assessoria de comunicação da Caixa Econômica Federal para falar sobre o assunto. Mas as ligações não foram atendidas até o fechamento da edição.
