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Com maceioagora //
Moradores de rua viciados em crack estão ferindo o próprio corpo na orla da Pajuçara para aumentar o valor das esmolas que recebem das pessoas que transitam por ali.
Geralmente as lesões são provocadas em uma das pernas abaixo do joelho, então eles perambulam por toda aquela região com o ferimento exposto, quase sempre infeccionado, para impressionar aqueles a quem decidem pedir algum trocado. A abordagem sempre se dá com um pedido de dinheiro para comprar antibiótico para o tratamento. Como a imagem da lesão purulenta é forte provoca um efeito emocional e a pessoa se sente compelida a ajudar. Assim, são capazes de aumentar os ganhos. “Só que a grana descolada é para comprar mais nóia”, disse o flanelinha Edilson dos Santos.
Também viciado em crack, esse flanelinha conhecido na região da Praça Multieventos pelo apelido de galeguinho, revelou que as lesões são provocadas com cacos de vidro ou pedaços de metal encontrados na rua e até no lixo. “Quanto mais podre ficar a ferida melhor, teve uma que furou a filha, a menina teve até febre”. Quando perguntado se já agiu dessa forma para pedir dinheiro, respondeu que orava a Deus todo dia para não chegar a esse ponto, mas que também é difícil ficar sem a droga e que entendia por que isso acontece.
Um outro flanelinha que faz ponto no canteiro em frente à Caixa Econômica da Pajuçara, conhecido como Felipe, admitiu ter furado o pé em um vergalhão de ferro com intuito de conseguir mais dinheiro pedindo esmolas. Funcionou no começo mas a lesão complicou. Arrependido, foi parar no hospital com 40 graus de febre e o pé parecendo uma “batata podre”, por pouco não teve que ser amputado.
Entre os moradores de rua entrevistados na região, nenhum sabia dizer se já houve alguma morte decorrente dessa prática. O que era comum era a afirmação de que por causa da pedra tudo pode acontecer na rua, até mãe matar filho.
