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Trabalho
21/06/2011 23:53:52

Após 21 anos, alagoanos demitidos dos Correios voltam ao trabalho


Após 21 anos, alagoanos demitidos dos Correios voltam ao trabalho
Ilustração

Com santanaoxente // anna cláudia almeida

 

Após quase 21 anos, os últimos funcionários da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) em Alagoas, demitidos durante os dois anos do governo de Fernando Collor de Melo estão retornando aos cargos. Mesmo com a aprovação da Lei nº. 8878/94 – que garantiam o retorno dos servidores aos respectivos empregos – problemas burocráticos atrasaram algumas contratações.

 

Dos demitidos, a maioria estava ligada a movimentos grevistas ou sindicais. Tudo ocorreu em 1990, quando o então Presidente da República, Fernando Collor, lançou o ‘Plano Collor’. Dentre as ações do governo estava a demissão de servidores públicos, alegando o objetivo de enxugar a máquina pública, além de cassar os marajás no setor estatal.

 

Milhares de servidores federais acabaram sendo demitidos das empresas Correios, Companhia Vale do Rio Doce, Reffsa, Eletrobrás, Abin, Conab e Caixa Econômica Federal. A notícia pegou de surpresa os funcionários das empresas estatais que, concursados, tinham a segurança de um emprego fixo.

 

A lei da anistia aos trabalhadores nos Correios assegura a contagem do tempo de serviço, a progressão salarial e o pagamento das contribuições previdenciárias do período entre as demissões e a anistia.

 

Como foi o caso de Maria Quitéria Barbosa. Aprovada num concurso público realizado no ano de 1982, Maria Quitéria viu o sonho da estabilidade financeira e profissional ser destruído oito anos após a contratação pela atitude do então presidente da república. A servidora era lotada na agência central dos Correios, em Maceió e trabalhava como balconista do setor de telegramas.

 

“Ninguém esperava a demissão naquela época, até porque éramos concursados. As demissões provocadas pelo Collor destruíram a vida de muitas pessoas. A alegação dele era fazer uma ‘limpeza’. Isso aconteceu não apenas nos Correios, mas em várias empresas estatais”, explicou.

 

Após a demissão, a servidora virou dona de casa e atualmente cursa Serviço Social numa faculdade particular da capital. Ela conta que alguns colegas de trabalho, da época dos Correios, ainda chegaram a conseguir novas colocações no mercado de trabalho. Mas nem todos tiveram a mesma sorte e, não suportando a demissão, apresentaram quadro de depressão e chegaram a morte.

Apesar de não ter mais esperanças de voltar ao emprego, mesmo após a anistia dos servidores, Maria Quitéria foi surpreendida com um telegrama que veio dar um novo rumo a sua vida. “Estou eufórica. Recebi um telegrama e não acreditei. Não imaginava mais que pudesse voltar a trabalhar. Fiz uns exames médicos e estou na expectativa”.

 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos em Alagoas, José Balbino dos Santos, disse que a luta do sindicato durou anos até conseguir que todos os funcionários do órgão no Estado fossem recolocados em suas funções.

 

Balbino lembra que as demissões tiveram início no governo Collor, mas que em 1997, na administração de Fernando Henrique Cardoso, punidos por participação em movimento grevista.

 

“Muitos servidores dos Correios foram demitidos pelo exercício de uma atividade legal, que é a atividade do direito de reivindicar, a atividade de greve. Na época do Collor, os argumentos eram de que queriam enxugar a máquina, mas tudo não passava de perseguição política”, afirma o presidente, colocando ainda que os Correios, na época, alegaram como motivos da demissão, a baixa produtividade dos funcionários.

 

No Brasil, o número de servidores concursados demitidos da empresa ultrapassaram os 3 mil. Apesar da lei que garantia a anistia, Balbino explica que por conta de recursos e outros entraves judiciais, o retorno de todos os funcionários em Alagoas só pôde ser concluído este ano.

 

“Todos foram avisados por telegramas. A relação dos nomes foi divulgada no Diário Oficial da União. Em seguida, foram publicadas as portarias de convocação para o retorno das atividades. Muitos estão passando por processo de avaliação e devem ser submetidos a treinamento. Com isso, a luta do sindicato neste caso chega ao fim com sucesso”, concluiu.
 


 



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