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Geral
22/05/2011 20:41:56

"Adoção de crianças por homossexuais é melhor do que mantê-las em abrigos"


Crinças aguardam adoção em abrigo

Com cadaminuto emanuelle oliveira

 

A possibilidade de casais homossexuais adotarem crianças voltou a causar polêmica e dividir opiniões após o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecer a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Mesmo antes do entendimento do STF o juiz do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), Vlademir Paes de Lira proferiu, em 2004, a primeira decisão favorável à união homoafetiva no Estado.

 

Um dos argumentos utilizados pelas pessoas contrárias a esse tipo de adoção é que a criança ou o adolescente sofreria ainda mais preconceito por ter dois pais, por exemplo, e não teria um convívio social saudável, além de poder ser influênciado sobre a orientação sexual. No entanto, a psicóloga Rafaela Gonçalves afirmou que manter uma criança em um orfanato só deve acontecer em último caso, já que os homossexuais buscam as que têm maior faixa etária.

 

“Por entenderem a discriminação, os homossexuais procuram nos abrigos crianças maiores e marginalizadas, que têm poucas chances de serem adotadas, pois os casais procuram bebês. Estar em um lar, sendo cuidada, protegida e amada é melhor que estar em um lugar onde nem identidade se tem”, ressaltou ela que afirmou que o convívio em sociedade vai depender da forma como é explicada à criança que ela vive em uma condição diferente.

 

A psicóloga afirmou que o impacto nesse tipo de adoção existe porque a sociedade é preconceituosa e lembrou que o convívio com pais homossexuais não influencia a orientação sexual da criança e que afirmações contrárias a adoções feitas por casais homossexuais muitas vezes estão ligadas a crenças e valores religiosos.

 

“De forma nenhuma isso está relacionado. Talvez a criança adotada até cresça de forma mais saudável, sabendo que existem escolhas e que será aceita da forma que é. É uma questão bem pessoal, acredito que há pessoas que nascem com uma condição diferenciada, o que as faz mais livres e chega um determinado momento da vida em que é preciso experimentar coisas novas daquelas que já conhecidas”, afirmou.

 

A comerciante Karinne Almeida contou que encara com naturalidade a questão homossexual, mas afirmou ser complicado construir uma família nesses parâmetros. “Isso pra mim já é demais. O casamento entre homossexuais em si já é um absurdo, imagine a adoção de uma criança”, afirmou.

 

Casos

 

Em 2006 houve a primeira adoção por um casal de homossexuais do sexo masculino no Brasil, em Catanduva, no interior de São Paulo. Os cabeleireiros Vasco Pedro da Gama, 35, e Júnior de Carvalho, 43, adotaram Theodora Rafaela Carvalho da Gama, de 3 anos. Na certidão de nascimento dela não consta a especificação de pai e mãe. Apenas está escrito "filha de" e os nomes completos de Júnior e Vasco, que afirmou que a juíza foi muito sábia em não especificar pai e mãe.

 

Na época, a união estável de 14 anos do casal foi decisiva para a adoção de Theodora. Em 1998 eles esbarraram no preconceito ao tentar adotar outra criança, já que a justiça considerou o relacionamento anormal. Seis anos depois, em 2004, Vasco visitou um orfanato e conheceu a filha. "Foi amor à primeira vista”, relatou.

 

Vasco combinou com o parceiro de cortar os cabelos das crianças da instituição para que ele [Júnior] tivesse oportunidade de conhecê-la. "Quando cheguei lá, ela veio na minha direção e me deu um anel", relembrou Júnior. A partir daí eles decidiram pela adoção e em junho de 2005 foram autorizados pela justiça de Catanduva a se candidatar a pais adotivos, disputando com 44 casais.

 

Em dezembro, a Vara da Infância e da Juventude da cidade determinou que o casal poderia levar uma criança órfã para passar os 12 dias de recesso de fim de ano com eles. O prazo foi prorrogado para 30 dias e, em seguida, para 60. Em março Vasco entrou com o pedido de adoção de Theodora e em maio, Júnior entrou com processo para que a guarda fosse dada a ele também. No dia 1º a juíza Sueli Juarez Alonso, da Vara de Infância e Juventude de Catanduva aprovou o pedido.

 

A menina não teve dificuldades de se adaptar e apaixonada pelos dois chama Vasco de pai e Júnior de pai Ju. Ela chegou ao orfanato por abandono e maus-tratos da mãe. Outros três casais de lésbicas - dois no Rio Grande do Sul e um no Rio - também conseguiram a adoção.




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