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antonio aragão //
Cerca de cinquenta pessoas distribuídas em quatorze barracas na margem do Rio Mundaú na periferia de União dos Palmares (outrora Rua do Jatobá) atestam o descaso governamental para com a classe dos desabrigados e mostram um estado deplorável de promiscuidade, desespero, doença, desesperança e abandono para com aqueles que perderam suas residências no dia 18 de junho de 2010.
São pessoas em sua maioria trabalhadoras que não têm para onde ir já que a promessa das casas novas foi apenas até a realização da ultima eleição. Hoje, com o cronograma de obras atrasado e sendo construídas em lugares impróprios vulneráveis a novas enchentes, além da certeza que terão de se inscrever no Programa “Minha Casa, Minha Vida”, e irão pagar pelo que não consumiram, os que foram removidos para as barracas de lona ou os prédios públicos sofrem mais que quando viviam na humildade de suas casas. Ao menos, tinham quartos, dependências sanitárias, e mantinham mesmo na qualidade de pobres, desempregados e aposentados a dignidade de ter um teto.
Hoje, estas pessoas são injustiçadas por um governo e uma sociedade egoísta, egocêntrica e hipócrita que arregimenta para si e seus familiares o que há de melhor e não dão sequer as migalhas aos seus semelhantes humildes sob o pretexto de “crise, crise, crise, a coisa tá ruim”.
A realidade que os senhores podem ver no material filmado fala por si deste estado inconcebível em pleno século XXI. Contrastam com a opulência e riqueza de determinadas famílias na compra do presente de suas mães, que ganharão perfumes importados, joias, roupas de grife e almoço e jantares em restaurantes requintados.
Estas pessoas (principalmente as mães) – também abandonadas pela Prefeitura Municipal - sequer lembram desta. O importante para eles no momento é a sobrevivência, o combate as necessidades, é arrumar um pouco de farinha, café (alguns utilizam folha de laranja para fazer chã que substitui o café), um pacote de leite para as crianças, e se der, um quilinho de feijão e um pouco da famosa “mistura”. Alguns deles há dias não comem fubá há bom tempo. Carne é preciosidade.
Remédios estão sempre em falta. Andam maltrapilhos, algumas crianças até sem roupa, têm acesso a luz e a água por benevolência de pessoas isoladas, o que para quem assiste o drama destes indigitados cidadãos lembra os países mais pobres do mundo situados na África.
A ajuda bilionária que Governo Federal enviou para este povo foi arrastada pelo transbordamento do Rio Mundaú que ocorreria na madrugada de hoje (06 de maio de 2011) noticiado erroneamente pela Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Alagoas através do milionário sistema de prevenção de catástrofes adquirido com o dinheiro dos contribuintes na região que agitou ainda mais estas pobres criaturas, e que deu uma demonstração de não ser confiável.
Vejam o depoimento de algumas destes cidadãos alagoanos colhidos na manhã de hoje pela “Tv Tribuna União”
