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15/03/2011 10:37:49

Perigo sobre duas rodas: quase 600 motociclistas acidentados em AL


Perigo sobre duas rodas: quase 600 motociclistas acidentados em AL
Ilustração

Com gazetaweb // janaina ribeiro

 

O motociclista é mais imprudente e vulnerável no trânsito do que o motorista de carro. Essa é a conclusão do Departamento Estadual de Trânsito de Alagoas (Detran/AL) que vem trabalhando em cima das estatísticas envolvendo acidentes de moto e de automóvel e comprovou que os condutores de motocicletas, proporcionalmente, estão morrendo mais do que aqueles que conduzem veículos sobre quatro rodas. Em 2010, foram 41 mortos e 579 envolvidos em acidentes, mais do que o dobro do quantitativo registrado há dois anos.

Os dados estão publicados no relatório final da Gerência do Serviço de Estudos de Acidentes e Infrações de Trânsito do Detran/AL. No ano passado, foram 579 acidentes registrados pela perícia do órgão em vias de Maceió e rodovias estaduais e federais. Desse total, 41 deles tiveram como vítima fatal o motociclista. E esse número pode crescer ainda mais se levada em consideração a quantidade de colisões envolvendo ‘condutores’, que pode também abranger motoristas de moto. Foram 1006 ocorrências em 2010, com 45 mortos.
Os números de 2010 assustam porque mais do que dobraram com relação aos dois últimos anos. Em 2008, totalizou-se 241 acidentes com motociclistas e apenas 19 óbitos.

Para o Detran, esse aumento significativo tem duas explicações: a imprudência no trânsito e o aumento da frota de motos em Alagoas. Apenas para se ter uma ideia, em 2009, da frota do Estado, que tinha 393152 veículos, havia 112855 motos e 189735 carros. Ano passado, o quantitativo saltou para 127824 motocicletas, ou seja, foram 14.969 veículos sobre duas rodas comprados em Alagoas.

“O crescimento da frota é significativo e isso se deve ao aumento do crédito, a facilidade de pagamento e ao surgimento de novas marcas no mercado. No Ceará, por exemplo, o animal de carga está sendo substituído pela moto em todas as cidades do interior”, explicou Renan Silva, gerente do Serviço de Estudos de Acidentes e Infrações de Trânsito do Detran/AL.

Estado alerta para a imprudência cometida pelos motociclistas

Renan Silva faz um alerta sobre a forma como os motociclistas costumam trafegar nas vias. “Os acidentes são provocados por três causas básicas: efeito mecânico, problema na pista ou desatenção e imprudência do motorista e, lamentavelmente, a maior parte deles ocorre por causa da imprudência. Os condutores de motos cometem excesso de velocidade, desrespeitam à sinalização, praticam atitudes irresponsáveis e desobedecem às normas do Código de Trânsito Brasileiro. É por isso que tem crescido tanto o número de colisões que envolvem esse tipo de motorista”, detalhou o gerente.

Segundo ele, os motociclistas, por estarem num veículo menor, costumam transitar pelos corredores entre duas filas de carros e isso facilita o ‘ponto cego’ dos condutores de automóveis, que, muitas vezes, não conseguem visualizar a moto pelos retrovisores. “Esse de tipo de comportamento mostra a vulnerabilidade do veículo pequeno e do seu condutor, que ficam ainda mais sujeitos aos acidentes. O motociclista não tem cinto de segurança e, no momento do choque, a moto não retém parte do impacto como acontece com o carro e ele acaba se machucando mais fácil. A legislação diz que a moto tem que ocupar o mesmo espaço de um veículo, entretanto, não é isso o que vemos nas ruas”, disse o especialista.

Arapiraca é campeã de acidentes

O Detran ainda está trabalhando em cima dos dados específicos de acidentes ocorridos nas 102 cidades de Alagoas, todavia, ele já sabe que, de forma proporcional, Arapiraca é o município que mais registra colisões com moto. Lá, em 2009, eram 21.333 motos e Maceió, que tem quase o dobro de habitantes, possuía 30.180. Já em 2010, a quantidade cresceu para 34.514 na capital e para 21.333 na cidade do Agreste.

E dados da Secretaria de Estado da Saúde mostram que dos 43 mil atendimentos realizados pela Unidade de Emergência Daniel Houly (UE do Agreste) durante o ano passado, 8.124 mil foram referentes a pacientes vítimas de acidentes envolvendo motocicletas, representando 18,86% do total de atendimentos realizados naquela unidade. Em 2009, foram 6.395 casos.

Agora em 2011, entre 1º de janeiro até o final dos quatro dias de carnaval, foram 1.783 atendimentos com vítimas de queda de moto, atropelamento, colisões entre moto e bicicleta, moto e moto, moto e carro, moto e árvore, moto e animal e moto e poste. Segundo o diretor-geral da UE do Agreste, José Karlisson Valeriano, boa parte dos acidentes envolvendo motocicletas se deve a imprudência ou à falta de educação no trânsito por parte dos condutores. Ele teme que agora em 2011 os números cheguem a 12 mil casos registrados.

Profissão de motoboy pode ser desregulamentada por causa do risco

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, entende a profissão de motoboy como “perigosa, fatal e que pode trazer prejuízos para a saúde pública” e contesta, no Supremo Tribunal Federal (STF), trechos da regulamentação dos moto-táxis no Brasil. Caso o STF acate a ação de Gurgel, a profissão pode até ser extinta e voltar à ilegalidade.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, uma pesquisa realizada entre os anos de 2001 e 2006, mostrou que o número de mortes de pedestres se estabilizou em 10 mil vítimas por ano, enquanto que o de motociclistas aumentou 131%, chegando a 7.162 ocorrências no período. O custo dos acidentes para o sistema público de saúde chega a R$ 118 milhões por ano.

Em julho de 2009 o Senado Federal aprovou e o presidente Lula sancionou a lei, que havia sido apresentada há oito anos pelo então senador Mauro Miranda (PMDB-GO), que regulamentou as profissões de moto-taxista e motoboy. O funcionamento do serviço depende de autorização do poder público em cada município. Pela nova legislação, apenas condutores com pelo menos 21 anos, habilitação específica para motocicletas há pelo menos dois anos, poderão exercer as novas profissões. Cada trabalhador deverá vestir colete dotado de refletores. As motos serão obrigadas a instalar equipamentos de segurança como os mata-cachorros e as antenas corta-pipas, que deverão ser inspecionados semestralmente, além de ter identificação especial.


 



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