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24/01/2011 21:45:35

Polícia nega ter disparado bala letal contra sem-terra


Polícia nega ter disparado bala letal contra sem-terra
Ilustração

Com tudonahora // josenildo torres

 

A Polícia Militar (PM) negou, no início da noite desta segunda-feira (24), ter usado bala letal contra integrantes de um grupo de trabalhadores rurais sem-terra do Movimento Terra e Liberdade (MTL), em Murici, durante operação de reintegração de posse da Fazenda Cavalheiro. Segundo o major Alessandro Paranhos, do Centro de Gerenciamento de Crises da PM, o clima tenso no local obrigou os militares a atirarem contra os sem-terras, mas usando balas de borracha. “Não foram usadas balas letais na operação”, afirmou.

 

De acordo com o MTL, José Vicente Pereira, 63 anos, foi atingido por um tiro no braço direito, supostamente disparado por um policial do Pelotão de Operações Especiais (Pelopes). O agricultor foi socorrido por uma ambulância da Secretaria de Saúde de Murici para o Hospital Geral do Estado (HGE) e passa bem. Segundo o HGE, o ferimento no trabalhador rural foi “profundo, porém sem maior gravidade". Como a bala não ficou alojada, "os médicos não puderam afirmar se tratava-se de bala de borracha ou letal", acrescentou a assessoria.

 

A Polícia informou ainda que, após a tensão durante a tarde, o clima no local é tranquilo e a reintegração de posse deve ser retomada para conclusão nesta terça-feira (25). "Está tudo tranquilo no local e a reintegração terá continuidade nesta terça-feira. Quero esclarecer, no entanto, que o confronto ocorreu na BR 104, já que o grupo de trabalhadores rurais bloqueou a pista por mais de uma vez, impedindo o direito de ir e vir dos cidadãos", salientou o major Alessandro Paranhos.

 

Ainda de acordo com ele, já foram travadas várias tentativas de cumprir o mandado de reintegração de posse expedido pela Justiça, mas os integrantes do MRT sempre se mostraram irredutíveis. "O Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] já emitiu um parecer informando que as terras são improdutivas, já realizamos várias audiências no fórum agrária e também dialogamos por diversas vezes, para que fôssemos até a fazendo fazer cumprir o mandado judicial", explicou.

 

Mas a líder do MTL, Maria José da Hora, afirmou ao Tudo na Hora que os policiais do Pelopes teriam agido com truculência. “Estávamos no acampamento, quando um oficial de justiça chegou e ordenou que saíssemos. Não aceitamos e fizemos um cordão de isolamento. Foi quando um dos policiais atirou em nossa direção. Puxei um dos companheiros, e a bala acabou atingindo o braço do seu José Vicente, que não estava na barricada”, relatou.

 

De acordo com ela, o grupo está na Fazenda Cavalheiro há oito anos e as terras já teriam sido consideradas improdutivas pelo Incra. Quando os integrantes do movimento invadiram o local, a fazenda estava arrendada por um produtor de cana de açúcar. “Mas atualmente a cana deixou de ser plantada e lá só tem capim e as lavouras dos agricultores. Não conseguimos entender o porquê de nos tirar de lá depois de quase uma década. Iremos lutar até o fim e não vamos admitir que a polícia nos enfrente com truculência”, frisou Maria José, que acompanhou José Vicente Pereira até o HGE.


 



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