26/04/2024 01:00:04

Alagoas
18/01/2011 11:52:15

Arivaldo Maia é homenageado no ‘Cantinho da Saudade’


Arivaldo Maia é homenageado no ‘Cantinho da Saudade’
Arivaldo Maia


Com gazetaweb // bruno soriano

 

O narrador Arivaldo Maia, considerado o melhor locutor esportivo de Alagoas, foi o grande homenageado da noite desta segunda-feira, 17, quando amigos, familiares e colegas de profissão estiveram reunidos, em solenidade realizada no Museu dos Esportes Edvaldo Alves de Santa Rosa, o Dida, para celebrar o talento de uma das vozes mais marcantes do rádio. No auditório do museu, que funciona no Estádio Rei Pelé, em Maceió, eles acompanharam relatos da destacada trajetória do narrador do Timaço da Gazeta, acompanhando ainda a exibição de vídeos e fotos sobre a vida de Arivaldo.

Na oportunidade, Arivaldo Maia, 63, falou à reportagem da Gazetaweb sobre como tudo começou, em 1967, quando foi contratado pela Rádio Gazeta depois de aparição na Rádio Cacique, de Palmeira dos Índios, município onde nasceu e se criou.

“Eu tinha nove ou dez anos quando já pegava uma latinha de salsicha e esboçava a narração de partidas de futebol de salão, em cima de uma castanheira na minha cidade natal. Cresci e fui convidado por Arnoldo Chagas para trabalhar em um jogo entre CSE e CRB, como repórter de pista. Depois finalmente narrei uma partida, entre filiados da ACDA [Associação de Cronistas Desportivos de Alagoas] e árbitros alagoanos, quando as portas se abriram. No outro dia fui contratado pela Gazeta, onde permaneço até hoje”, recordou Arivaldo, que já contabiliza 40 anos de dedicação ao rádio alagoano.

Segundo ele, seu projeto profissional é narrar futebol até a Copa de 2014, que será realizada no Brasil. “O tempo passa e a gente precisa se aperfeiçoar, reciclar-se a cada dia, porque costumo dizer que, no rádio, matamos um leão por dia. Morremos aprendendo. Equivoca aquele que diz que está pronto”, comentou o narrador, acrescentando que o difícil não é conquistar um lugar ao sol, mas manter a audiência, credibilidade e respeito do ouvinte.

“É como um cantor. São muitos por aí, mas muito poucos aqueles que conseguem o sucesso permanentemente”, comparou o locutor da Gazeta, destacando ainda a necessidade de o profissional construir seu próprio estilo. “Antigamente as pessoas copiavam os bordões do Sul do país”, recordou Arivaldo, lembrando ainda suas participações em quatro Copas do Mundo.

“Com o rádio aprendi um pouco algumas línguas e conheci alguns países e o Brasil inteiro. Já narrei futebol em várias vezes nos maiores estádios. Hoje, ser homenageado pelo jornalista e historiados Lauthenay Perdigão [diretor do Museu dos Esportes] é uma honra muito grande”, assegurou Arivaldo Maia, que já contabiliza a quinta homenagem em vida – já está no Hall da Fama do Rei Pelé, é comendador da cidade de Palmeira dos Índios, além de dar nome à tribuna de imprensa do Estádio Nelson Peixoto Feijó (a casa do Corinthians Alagoano) e a um ginásio de esportes no bairro do Jacintinho, em Maceió.

“O rádio é imbatível. Ninguém consegue enfrentar seu imediatismo, nem a TV. A renovação existe. Temos muitos bons narradores. Mas há uma grande diferença entre eles e os também competentes e carismáticos, que realmente conseguem criar uma marca. Isso ninguém explica e graças a Deus eu consegui criá-la. Afinal, cada Estado elege o seu narrador preferido, e Alagoas, para minha alegria, escolheu-me”, avaliou o narrador.

Arivaldo Maia – que também é bacharel em Direito, formado pelo Cesmac – foi eleito o locutor revelação pela crônica esportiva local logo em seu primeiro ano de atuação. E quando completou 30 anos de rádio, recebeu uma grande festa no Rei Pelé. Na ocasião, um vídeo contendo depoimento de Arivaldo no dia da homenagem foi exibido aos presentes no Museu dos Esportes, onde o jornalista do jornal Gazeta de Alagoas, Marcos Rodrigues, elogiou o profissionalismo da ‘estrela da noite’.

“O meu pai dizia que eu, magrinho que era, precisava comer muito para um dia ter a voz do Arivaldo, que me acostumei a ouvir ainda criança”, recordou o repórter, tendo sido complementado pelo radialista Reinaldo Cavalcante, que também já narrou jogos ao lado de Arivaldo e que hoje apresenta o programa ‘Hoje é Dia de Praia’, que vai ao ar sempre às manhãs de domingo, na Rádio Gazeta AM.

“Eu tenho a honra de dizer que conheço três Arivaldos. O Arivaldo cozinheiro, que sabe fazer uma excelente macarronada, a mais famosa da América Latina, o Arivaldo vaqueiro, apaixonado por Palmeira dos Índios, e o profissional e amigo Arivaldo, que dispensa comentários. Afinal, não é a toa que continua sendo o melhor de Alagoas”, afirmou Reinaldo.

Na sequência, foi a vez de o coordenador de jornalismo da Gazetaweb, Fernando James, fazer uso da palavra, ressaltando que o senador Fernando Collor de Mello (PTB) externa ‘imenso respeito e admiração’ por Arivaldo Maia.

“Hoje, liberando alguns comentários de nosso portal, deparei-me com palavras de um senhor que disse ter mais de sessenta anos, mas que, até hoje, não esquecera o primeiro grito de gol que ouviu de Arivaldo”, salientou.

“Respeito e admiração pelo Arivaldo homem, esposo, pai, avô e, sobretudo, pelo profissional Arivaldo, que simplesmente coloca a vida no microfone, personalizando toda a emoção do rádio ao ouvinte. Lembro-me muito bem que, quando Arivaldo se preparava para cobrir mais uma Copa, meu pai o recebeu em sua sala para lhe desejar boa viagem e, principalmente, para demonstrar o entusiasmo com que acompanha sua trajetória”, comentou Fernando James, que reforçou o carinho dos ouvintes para com o trabalho do locutor.

"Quando falamos em Arivaldo Maia nos lembramos das idas aos estádios de futebol com o tradicional “radinho” de pilha no ouvido escutando o melhor narrador de todos os tempos soltar a voz no seu marcante grito de gol", disse o coordenador da Gazetaweb.

"Com sua tradicional emoção nas narrações dos jogos, muitos começaram a gostar e torcer pelo esporte, sua magnitude faz com que uma simples partida de futebol se transforme em um majestoso espetáculo, nos prendendo até o fim da partida sem querer perder um lance sequer. Esse é Arivaldo Maia, um homem simples e amigo que conquista a todos sem o mínimo esforço, simplesmente por ser o imortal e único Arivaldo Maia" - exautou Fernando James.

Quem também engrossou o coro de elogios a Arivaldo foi o amigo e diretor da Rádio Gazeta AM, Gilberto Lima. “Felizmente eu consegui trazer para o meu dia a dia muito daquilo em que me espelhei. Quem conhece Arivaldo sabe de sua importância para o rádio alagoano”, destacou Gilberto, que recebeu caloroso abraço do narrador do Timaço.

Por fim, Arivaldo Maia falou aos presentes sobre sua paixão pelo rádio. “Gosto tanto de CSA e CRB que sempre tenho pena do time que perde. Às vezes alguns torcedores dizem que gosto mais do CSA, quando o Azulão ganha, ou do CRB, quando é o Galo quem sai vitorioso. Mas graças a Deus conquistei o respeito das duas torcidas. E depois de tantas homenagens, cheguei à conclusão de que escolhi a profissão certa”, entusiasmou-se o locutor, que confessou a satisfação com a qual continua a servir à Gazeta e ao rádio alagoano.

“Sou tão bem tratado na Gazeta que não sei trabalhar em outra rádio. A Gazeta é a minha segunda casa”, admitiu Arivaldo, ressaltando ainda que o fato de ter conseguido abandonar o vício do cigarro, já há três anos, fortaleceu-o na profissão. “Isso me revigorou muito, já que aquilo estava me prejudicando. Hoje eu transmito um jogo como se estivesse tomando uma xícara de café”, assegurou.

Quem também foi homenageado na mesma solenidade foi o ex-jogador Antônio Jacinto Santos, o ‘Botinha’, que se consagrou no Ferroviário, time formado por estivadores e que foi campeão em 1953 e 1954. Já falecido, Botinha foi representado pela filha mais velha, Euzilene, que externou o orgulho que sentia pelo pai, que também teve rápida passagem pelo CRB durante 10 anos em que atuou como atleta profissional. Botinha também foi o jogador que mais vezes atuou com a camisa da seleção alagoana, na década de 60.

Quando deixou os gramados como jogador, passou a comandar times de pelada no Dique Estrada, em Maceió, onde hoje um campo leva seu nome, graças à forma com que se dedicou à formação de talentos, incentivando crianças carentes à prática esportiva na região do Vergel do Lago, periferia de Maceió.

Também presente à solenidade, Erasmo da Silva, um velho conhecido de Botinha, disse, emocionado, que o ex-jogador ajudou a educar, por meio do futebol, muitos garotos que residiam à beira da lagoa Mundaú. Já a filha destacou ainda que Botinha conseguia arrecadar presentes para doá-los aos jogadores em cada Natal. “Lembro-me também de um episódio pitoresco em que ele foi aplaudido pela torcida depois de dar um soco no árbitro, que estaria ‘roubando’ no jogo que disputou”, recordou Euzilene, sendo complementada por Lauthenay.

“O Botinha não tinha esse perfil e até hoje não entendemos por que ele fez aquilo. Mas a imagem que ficou foi a do homem abnegado, que lutava para ajudar crianças que sonhavam com um futuro em um grande clube, mesmo sem a estrutura necessária para crescerem no esporte”, salientou Lauthenay, que abraçou a iniciativa de Botinha, sendo o responsável pelo Campeonato das Comunidades Carentes de Maceió, com partidas no mesmo Dique Estrada – o certame já está em sua 15ª edição e conta com o apoio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel).

Galeria




Enquete
Na Eleição de outubro, você votaria nos candidatos da situação ou da oposição?
Total de votos: 43
Notícias Agora
Google News