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Com cadaminuto // ascom - adalberto custódio
A disputa pelo domínio de uma pequena capela, localizada na comunidade Chã do Brejo, em Anadia, fez o líder comunitário Givaldo Marques tomar uma atitude extrema na manhã desta terça-feira (4). Revoltado com a atitude do pároco local, que o afastou da administração da capela, ele retirou praticamente tudo o que havia em seu interior, alegando que os bancos, imagens sacras e até as portas, janelas e fôrros do templo haviam sido conquistados por conta de seu esforço ao longo dos últimos 10 anos.
Ao tomar conhecimento do ocorrido, a prefeita Sânia Tereza (PT) foi até o local e disse ter ficado chocada com o que viu. “Considero um ato de extremo vandalismo contra o patrimônio público e, principalmente, contra a Igreja. O templo não foi construído com o dinheiro dele, uma vez que ele apenas serviu como motivador e mediador para que as ajudas chegassem. Todas as doações, independente de quem ou de onde partiram, são de propriedade da capela e da comunidade que dela desfruta”, lamentou a prefeita.
Tudo começou em meados do ano 2000, quando Givaldo resolveu ajudar a reformar a capela Nossa Senhora do Sagrado Coração que, segundo ele, era chamada de “tapera” pelo pároco da época, devido às más condições do prédio. As várias doações, vindas de amigos, empresários, políticos e da própria comunidade católica, aos poucos foram transformando a pequena capela numa das mais bonitas da região.
No final de 2010, as proprietárias das terras onde a capela foi construída resolveram doar o terreno para a paróquia de Anadia, o que esquentou ainda mais a desavença entre Givaldo e o padre Niraldo. Com a escritura do terreno em mãos, padre Niraldo, durante uma missa celebrada no último dia 11 de dezembro, mandou um recado em público para Givaldo, alegando que toda e qualquer decisão sobre a capela Nossa Senhora do Sagrado Coração cabia a paróquia e não a outra pessoa que não fosse um padre.
Givaldo, ao tomar conhecimento das palavras do padre, disse ter ficado constrangido, uma vez que, segundo ele, todo o trabalho realizado ao longo dos anos havia sido desmerecido pelo padre.
“Não me arrependo de nada. Faria tudo novamente”
O líder comunitário e ex-administrador da capela disse que não se arrepende do que fez. “Consultei algumas pessoas, inclusive um deputado que ajudou com doações e ele me deu razão a retirar tudo o que tinha direito. Não me arrependo de nada e faria tudo novamente”, disse Givaldo, mostrando um abaixo assinado com 248 assinaturas que, segundo ele, foram colhidas de pessoas da comunidade que apoiaram a sua atitude.
O fato deixou as opiniões divididas na comunidade Chã do Brejo. Enquanto uns apóiam a iniciativa do líder comunitário, outros caracterizam o ato como depredação do patrimônio público, vandalismo e roubo.
A prefeita Sânia Tereza interviu no caso e disse que vai acionar a justiça para que todo o material retirado seja devolvido à paróquia. “Na condição de cristã, exijo que tudo o que foi retirado do templo reapareça imediatamente. A comunidade de Chã do Brejo não pode ficar sem um local para fazer orações, simplesmente por conta do orgulho pessoal deste cidadão [Givaldo]”, disse Sânia Tereza, alegando que também deu sua contribuição para a capela.
