Com cadaminuto // wadson correia
O CadaMinuto teve acesso às dependências de onde são realizadas as perícias do Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió. Legistas utilizam como ferramentas de trabalho faca de mesa e concha para feijão para tentar esclarecer crimes em Alagoas e as causas muitas vezes não são descobertas por falta de estrutura.
O Diretor Geral do IML, Gerson Odilon explicou que vários casos de morte foram dados como causas indeterminadas, prejudicando o trabalho da justiça para punir os culpados. “O IML funciona há 70 anos nesse prédio, que não tem estrutura nenhuma. Até um raio-x para ajudar nossos trabalhos não pode ser utilizado”, contou.
A secretaria de Saúde do Estado (Sesau) fez a doação do raio-x, por não ter um local apropriado, mas po falta de técnicos para operá-lo, o equipamento foi colocado estocado, na sala dos ossuários.
O quadro de funcionários é pequeno, são 90 pessoas trabalham no IML, incluindo 19 médicos legistas. Segundo o diretor, o ideal seriam 40 desses profissionais.
De acordo com Gerson Odilon, um documento que seria entregue ao governador, está engavetado na Secretaria de Gestão Pública. O documento explica o momento difícil que o IML enfrenta e também uma relação de equipamentos que precisam chegar no órgão.
Para analisar um simples caso de toxicologia, o perito tem que viajar para Salvador, na Bahia, para conseguir desvendar o que ocorreu. “Os mortos têm que ter respeito, é através deles que vamos ter um histórico onde a justiça poderá atuar com mais segurança e determinação”, falou Odilon.
Depois que funcionários do IML foram desmembrados da Polícia Civil, até agora não foi criado um regimento para defender os servidores. O IML deve fazer greve, na próxima semana, devido aos baixos salários. “Os funcionários estão se queixando dos seus salários. Agentes penitenciários têm a mesma função e recebem quase R$ 1mil”, explicou o diretor do IML.
A reportagem descobriu também o motivo das constantes reclamações dos moradores que moram vizinho ao órgão. Uma fossa estourada, nos fundos do IML, é o que provoca fedentina na região. Os banheiros funcionam precariamente e gambiarras elétricas podem provocar um curto-circuito a qualquer instante.
Sem previsão
Gerson Odilon revelou para o CadaMinuto que o Estado tem guardado nos cofres, quatro milhões de reais para a construção de um complexo de Perícias Forenses, que seria construída no bairro do Tabuleiro do Martins, Instituto do IML, Identificação, Criminalista e DNA.
Ainda de acordo com o diretor, um estudo está sendo feito pelo arquiteto Roberto Canavá, que desde 2003 viaja pelo Brasil estudando a melhor forma para ser construído o complexo. “Os levantamentos já foram feitos, falta apenas as obras iniciarem”, falou.
Odilon também defendeu a criação de novos institutos em Alagoas, nas regiões do Sertão, Litoral Sul e Norte, além da Zona da Mata. “A sociedade cobra rapidez, mas não temos como chegar minutos depois são várias ocorrências para atender”. A obra de construção do IML de Palmeira dos Índios está parada há anos.
Balanço do ano 2010
O Instituto Médico Legal de Maceió divulgou um fato alarmante: A violência contra a mulher cresceu. Foram registradas 247 mortes, equivalendo a 9,89% dos homicídios. Outro número que causa preocupação são os assassinatos que acontecem na faixa etária de 18 a 19 anos, 996 mortes registradas, 39,89%. Só em 2010, na grande Maceió, o número totalizado foram 1567 homicídios.
“Estamos fazendo o máximo que podemos, fiz mais de 100 perícias em um mês, somando com os trabalhos dos outros 18 legistas isso uma prova que o IML não está parado, mediante a falta de estrutura”, finalizou Gerson Odilon.
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