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07/04/2007 00:00:00

Tradição popular é renovada


Tradição popular é renovada

Uma tradição que já existe desde o século XVI volta a ganhar as ruas do interior e das capitais do Brasil. Trata-se da tradicional “malhação do Judas”, importada da península Ibérica, ainda no período da colônia de exploração.

Em Alagoas, o tradicional dia de malhar Judas não poderia ser diferente. O folclórico ato do Sábado de Aleluia, movimenta até um comércio informal. São várias as pessoas, que aproveitam a histórica surra do boneco, para confeccionar e vender “Judas”.

O Judas – boneco feito de pano, papel e roupas velhas – é símbolo do que há de pior no ser humano. O boneco apanha por representar a traição, a inveja, o ódio, a ira e todos os demais pecados, personificados no Judas bíblico.

A cena é comum principalmente nos bairros da periferia da capital alagoana, Maceió. Os garotos e adultos se reúnem na tradicional festa e amarram o boneco, nos postes, paredes e pedaços de madeira.

Em instantes, todos em volta do Judas, começam a bater no personagem com o que tiverem nas mãos. São socos, pedradas, pauladas, até os pedaços de panos se soltarem, o que simboliza a morte de Judas.

Na manhã de hoje, andando pelas ruas é possível conferir, principalmente as crianças, fazendo os últimos preparos para a malhação. Para o pequeno Ricardo, “é uma brincadeira muito legal, pois estamos lembrando o sofrimento de Jesus e negando a postura tomada por Judas, quando o traiu”, destacou o garoto.

Para quem participa da “malhação de Judas” há pelo menos 13 anos, como é o caso de Zé Baixinho do Vergel do Lago: “O ato é folclórico e não pode ser visto como uma ação violenta. É algo cultural, que deve ser preservado”.

Baixinho confecciona Judas desde criança e explica que com o passar do tempo, os diversos Judas da humanidade foram mudando, tanto que hoje em dia é possível encontra o boneco batizado com nomes de políticos, inscrições satíricas. “Já há Judas por aqui no Vergel, em homenagem até ao apagão aéreo”, destacou.

Segundo a folclorista Meire Berti Gomiero Fonseca, que vem pesquisando o assunto há alguns anos junto com equipes formadas por seus alunos, a queima do Judas parece se relacionar ao rito pagão do Fogo Novo, herdado dos hebreus, sobrevivendo entre os povos civilizados.

Na Córsega, no século XIX, era costume um grupo de rapazes percorrer no Sábado de Aleluia as comunas da ilha gritando "Fogo Novo"; na Lorena Francesa, esse fogo era feito com palma benta dos anos anteriores na porta do cemitério; na Alemanha, vestiam um menino de Judas, para depois sofrer a prova do fogo sendo balançado pelos mais fortes e altos por cima da fogueira.

O fato é que a tradição acontece por mais um ano e não só no Brasil, como em diversos outros países da América Latina.

Fonte - www.alagoas24horas.com.br



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