antonio aragão //
Em vida, o historiador Jairo Viana contava e escreveu que em 1834, portanto há exatos 176 anos, uma família de fazendeiros portugueses chegou a União dos Palmares e se instalaram as margens do Rio Mundaú onde além de haver construído uma casa, foi erguida uma capelinha e colocada a imagem de Santa Maria Madalena, cujas comemorações pelo calendário religioso são em 12 de julho, portanto, em pleno inverno.
Dr. Jairo, de saudosa memória, afirmava com convicção que a festa de Santa Maria Madalena foi transferida para dois de fevereiro por ser época de verão, e sem chuvas onde o povo podia orar e pedir bênçãos em uma capela maior, agora, já erguida onde hoje se encontra a Matriz de Santa Maria Madalena, longe da fúria das águas do Rio Mundaú.
O fato em resumo traz a tona uma discussão que se arrasta ao longo dos anos: os moradores ribeirinhos do Mundaú devem ser transferidos para longe do rio assim como foi a Padroeira local que converge mais de 84% de adeptos junto à população, ou devem ser tomadas medidas de contenção contra a fúria da natureza, que aparenta estar revoltada com a ação do próprio homem ?
Quem é de União dos Palmares e conhece a história, não pode esquecer o que dizem os mais antigos a respeito de cheia de 1949 que ensejou a construção das dez casas que desabrigou uma pequena comunidade do local conhecido como “Jatobazinho” (onde hoje se localiza a estação captora de água do SAAE). Fala-se que grandes cheias se sucederam em 1958,
Os cidadãos consultados por esta editoria são unânimes em afirmar que é chegada à hora do sofrimento de 176 anos e se promover mecanismos para tirar o povo da “beira” do rio e colocá-lo a salvo em lugar seguro. No local das ruas destruídas, surgiriam áreas verdes com plantações de eucaliptos e de bambuzais (o palmarino ilustre Manoel Bernardo conhecido como Professor Maninho ganhou um premio nacional com um trabalho sobre a contenção das encostas do famoso rio através da plantação de bambus).
Afora isto corre por trás das enchentes um interesse de especuladores em adquirir casas gratuitas e vende-las menos de um ano depois de doadas (tornou-se uma cultura deste tipo de gente). São pessoas (algumas não todas) que residem nas áreas de risco e na menor ameaça de enchente correm para os abrigos públicos onde passam em média cinco e até seis meses sem a preocupação da feira e ganham casas novas.
O assunto é polemico e carece ser discutido em caráter emergencial, pois já existem pessoas que estão buscando ajuda para reconstruir suas casas “no mesmo local onde nasceu, viveram seus pais e avós”...
Assista ao vídeo -- http://www.youtube.com/watch?v=2y5VUiW4HnM