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com tudonahora // carlos madeiro

Em 1969, a cidade de São José da Laje viveu a maior tragédia já registrada em Alagoas em número de vidas perdidas. Na noite do dia 14 de março daquele ano, após a festa do padroeiro, o nível do rio Canhoto subiu e inundou a cidade. Eram por volta das duas horas da manhã quando os cerca de 12.000 moradores à época se depararam com uma enchente nunca vista.

Com 1284 casas destruídas e mais de mil mortos, a cidade foi reconstruída. Com a Vice-prefeito em 1969 e prefeito no ano seguinte, Osvaldo Timóteo, conduziu o processo de recuperação da cidade e afirma que é possível se reerguer e aprender com os próprios erros. “Dou sempre o exemplo de que é possível reconstruir para aprimorar. A Laje até hoje é uma cidade moderna para os padrões da região”, disse.

A tragédia trouxe lições à cidade. Osvaldo conta que, em 1970, tomou medidas enérgicas para oferecer segurança aos moradores. “Baixei um decreto proibindo qualquer construção naqueles locais onde o rio alcançou. Fiz o novo centro em uma parte alta, pensando no futuro, com ruas largas. Dividi a cidade em três centros: o comercial, o administrativo e o residencial”, contou.

Mas a lei “não pegou”. Com a enchente do rio Canhoto no dia 18, nada menos que 386 casas foram destruídas e mais de 1.000 foram danificadas. Mais de 5.000 pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas.

Segundo ele, a determinação imposta por ele não foi levada adiante pelos governantes seguintes, e as construções, aos poucos, foram voltando à beira do rio. “Só aconteceu destruição aqui este ano porque prefeitos que me sucederam deixaram construir de novo na área que proibi. Se tivessem respeitado o decreto, ninguém tinha perdido nada, como foi o nosso centro aqui em cima, que não teve nenhum prejuízo. Mesmo assim, salvei muitas vidas este ainda”, comemorou Osvaldo.

Ao contrário daquela tragédia, a enchente dos rios em Alagoas desta vez aconteceu durante o dia. Para Osvaldo, isso fez toda a diferença. “Em 1969, a cidade dormia depois de uma festa. Estava escuro, não deu para ver. Eu perdi tudo, tive o terceiro maior patrimônio destruído entre todos da Laje”, explicou.