Política

Um dos antigos donos de O Jornal e uma rádio em Alagoas, Luiz Carlos Barreto confirmou que, junto com o empresário Nazário Pimentel, vendeu as duas empresas para o presidente do Senado, Renan Calheiros, e para o usineiro João Lyra.

Em discurso nesta terça no Senado, Renan negou ter possuído rádio "formal ou informalmente". Ele se defendia das acusações de Lyra que diz ter mantido uma sociedade secreta com o senador para comprar uma rádio e um jornal em nome de "laranjas" (terceiros).

Luiz Carlos Barreto não quis gravar entrevista, mas disse que, durante o período de transição, entre 1999 e 2002, exerceu o cargo de diretor-executivo de "O Jornal" e afirmou que era de conhecimento de todos que Renan era um dos propritários.

Nesta quarta (15), o presidente do Senado voltou a fazer acusações contra João Lyra. "Eu não quero tratar desse rapaz, esse rapaz não merece nenhuma palavra minha. Ele tem várias execuções na Receita Federal, é acusados de vários homicídios, inclusive crimes de mando. É uma pessoa que não merece uma resposta minha porque não tem nenhuma qualificação", disse.

João Lyra divulgou fotografias para mostrar que, até bem pouco tempo atrás, era aliado de Renan. Nas imagens, o presidente do Senado, então presidente interino da República, aparece, ao lado de Lyra, ex-deputado, no Palácio do Planalto, em 2006. Em outra imagem, de 2005, eles aparecem ao lado do então ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo.

Em nota, Lyra disse que as acusaçõs de crime de mando e sonegação fiscal feitas por Renan são caluniosas e que há pouco tempo Renan não pensava assim, quando usava suas aeronaves de graça ou era recebido no Planalto.

O usineiro disse ainda que Renan usa a tribuna para atacá-lo, acobertando-se na imunidade parlamentar, porque sabe que responderia a processo criminal por calúnia. João Lyra também não quis gravar entrevista, mas reafirmou que Renan foi sócio dele na compra de um jornal e de uma rádio em Maceió (AL).

Na versão do usineiro, quando a sociedade foi desfeita, em 2005, ele ficou com o jornal e a rádio, com Renan Calheiros. No acerto, Renan teria prometido renovar a concessão de uma outra rádio, que estava vencida.

Com a promessa, Lyra comprou a rádio "Paraíso" no dia 2 de maio. No dia 24 do mesmo mês, o presidente do Senado mandou uma carta ao novo proprietário da rádio, João Lyra, comunicando a renovação da concessão.

Nesta quinta-feira (16), o corregedor do Senado, Romeu Tuma, está em Maceió para ouvir o depoimento de João Lyra, que promete explicar em detalhes a história da suposta sociedade secreta.

Fonte: G1