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13/08/2007 00:00:00

Polícia


Polícia
Elas vivem em abrigos. Crescem sem amor de mãe. Sem orientação de pai. Sem família. As recordações da infância são povoadas de tragédia. No fogo cruzado do tráfico e do consumo de drogas, são as crianças, filhas de criminosos, as vítimas mais indefesas. Muitas chegam aos 18 anos sem rumo. Em situação de extrema pobreza, centenas delas, separadas dos irmãos, tentam superar a morte ou prisão dos pais. Acolhidas em instituições filantrópicas – mantidas mais pela iniciativa privada do que pelo poder público – as crianças alimentam o sonho de ser felizes.

Detentas lamentam destino de filhos
Com os olhos arregalados, Odete, 24 anos, nos recebeu na sala da diretora do presídio Santa Luzia. “Pensei que vocês iam tomar o meu filho de mim”, disse assustada. Presa há mais de um ano por furtar perfume, chocolate e tinta de cabelo num mercadinho, em Penedo, ela chora sem saber com quem brinca Raí, dez anos, o filho mais velho dos três, e uma das centenas de crianças alagoanas internadas em instituições filantrópicas, longe do convívio familiar. “A consciência pesa demais. Eu aqui e meu filho lá, abandonado.
Sei nem quem está cuidando dele”, diz ela.

Crianças podem ficar em presídio até fazer um ano
Diretora do presídio Santa Luzia há dois meses, Silmara Mendes, mestre em Serviço Social, diz que das 74 reeducandas, apenas seis foram condenadas até agora. Em ordem de maior incidência, os crimes mais cometidos por mulheres, segundo ela, são tráfico de drogas, homicídio, formação de quadrilha, roubo, furto, porte ilegal de armas, extorsão, seqüestro e contrabando.
“Em torno de 80% das mulheres presas aqui são mães. O que chama atenção é que em quase 100% dos crimes cometidos por ela, há sempre a figura masculina, seja um pai, um filho, o marido”, conta, dizendo que três estão grávidas.

Faltam abrigos para tratar dependentes
Conselheiro tutelar da região 7, onde moram em torno de 200 mil pessoas divididas nos bairros Clima Bom, Santa Luzia, Santos Dumont, Cidade Universitária e Tabuleiro do Martins, Edson Correia diz que faltam abrigos em Maceió. “Se acontecer alguma coisa à noite, não terei para onde levar a criança. O único abrigo noturno fechou este ano”.
Ele também afirma que é necessário criar uma delegacia que funcione por 24 horas, como a da mulher, para registrar ocorrências envolvendo crianças e adolescentes.

Inadimplência prejudica projetos em Maceió
Com as prestações de contas dos anos 2004, 2005 e 2006 atrasadas, Maceió está com todos os repasses de verba federal provenientes do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à fome bloqueados desde janeiro deste ano.
Projetos como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) estão prejudicados. Há dois meses no cargo de secretário municipal de Assistência Social, Alan Balbino afirma que, nesta primeira fase de sua gestão, “está sendo mais uma espécie de delegado ou auditor do que propriamente um gestor”.


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